AUGUSTO STRESSER

AUGUSTO STRESSER

ÓPERA SIDÉRIA


A ópera SIDÉRIA fez estreia em 03 de maio de 1912, no Teatro Guayra (prédio antigo, hoje Biblioteca Pública do Paraná), na cidade de Curitiba/PR.

Obra de Augusto Stresser, foi originariamente escrita em 1909 em dois atos, em partitura para piano e vozes. Posteriormente, recebeu acréscimo de um terceiro ato e orquestração de Léo Kessler, adquirindo a forma final como foi apresentada a partir de 1912.

A ópera tem como pano de fundo a Revolução Federalista, que as cidades de Curitiba e Lapa haviam vivenciado poucos anos antes, com dramaticidade, no confronto conhecido como Cerco da Lapa. Por sua vez, o libreto conta a história de um amor romântico e trágico, no triângulo amoroso entre a jovem Sidéria, o idealista Alceu e o apaixonado Juvenal.

domingo, 12 de janeiro de 2014

A ÓPERA SIDÉRIA E A HISTÓRIA DA ILUMINAÇÃO ELÉTRICA EM CURITIBA



Conhecer a história da ÓPERA SIDÉRIA, confunde-se com conhecer a participação da cidade de Curitiba em guerras civis e revolucionárias, e com o conturbado início do histórico TEATRO GUAÍRA.

 TEATRO GUAÍRA foi primeiro concebido sob nome de TEATRO SÃO THEODORO, uma homenagem a Theodoro Ébano Pereira, um dos fundadores da cidade de Curitiba. Sua abertura estava prevista para o dia 28 de setembro de 1884, na rua Cândido Lopes (no prédio onde hoje fica a Biblioteca Pública do Paraná). 
Entretanto, a inauguração precisou ser adiada, porque nesta época eclodiu a Revolução Federalista, e o prédio construído acabou por servir como presídio, a fim de confinar os presos políticos da famosa revolta.  A antiga cadeia pública de Curitiba, em um prédio na Praça Tiradentes, como se vê na foto divulgada em cadeia pública de Curitiba em 1897, acabou por ser demolida em 1899.

 
Cadeia pública de Curitiba/PR em 1887. Foto do Acervo do Centro de Documentação do CEP
Colégio Estadual do Paraná – Ensino Fundamental, Médio e Profissional – Imagem IOC(I) 150. Divulgada em cadeia pública 1887
Com isso, o teatro só seria inaugurado dezesseis anos mais tarde, sob o nome de TEATRO GUAYRA, após passar por obras de reformas e ampliação, em 03 de novembro de 1900. (Cabe ressalvar que essa construção originária acabou por ser demolida, em 1937, à ordem do então prefeito Aluízio França, alegando perigo de desabamento.)

Assim o teatro saudou o novo século trazendo, além de uma belíssima fachada e um importante espaço cultural, também a mais importantes das inovações tecnológicas do século XX: a energia elétrica!




Hoje, quando tanto dependemos da energia elétrica para nosso cotidiano, até difícil imaginar um mundo que não seja iluminado pelo simples apertar de um interruptor. Entretanto, sempre bom lembrar que a disponibilidade e popularização desta tecnologia, mal chega a dois séculos. Muito pouco tempo, se comparamos com a história (conhecida) da nossa civilização, de mais de sete mil anos.

No Brasil, as primeiras usinas elétricas surgiram no ano de 1883, em Campos (RJ), Juiz de Fora e Diamantina (MG). E com informações do site da COPEL, ficamos sabendo que, no Paraná, o primeiro esforço para a eletrificação ocorreu em 9 de setembro de 1890, quando o presidente da Intendência Municipal de Curitiba, Dr. Vicente Machado, assinou contrato com a Companhia de Água e Luz do Estado de São Paulo, para iluminar a cidade com "uma força iluminativa de onze mil velas". Baseada nesse contrato e com uma concessão de 20 anos, a Companhia instalou a primeira usina elétrica do Paraná num terreno próximo à antiga estação ferroviária, localizada atrás do então Congresso Estadual (atual Câmara Municipal de Curitiba)
Sempre bom lembrar que avanços tecnológicos, no início do século XX, tinham impulso oficial – e não comercial, como vemos na atualidade -, e dispendiam recursos volumosos, que tornavam o processo bastante lento. Ainda no site da COPEL, ficamos sabendo que esta primeira usina começou a funcionar oficialmente em 12 de outubro de 1892 (muito embora já estivesse produzindo um mês antes), sob a direção do engenheiro Leopoldo Starck, seu construtor. Duas unidades a vapor fabricadas em Budapeste produziam 4.270 HP de força, consumindo 200 metros cúbicos de lenha por dia. Em 18 de maio de 1898, a empresa José Hauer & Filhos adquire a concessão do contrato e da usina, cogitando aumentar a sua capacidade pois Curitiba já tinha uma população estimada em 40 mil habitantes.
Só com estas informações podemos ter noção do quão inovador foi este "primeiro" TEATRO GUAYRA, que em novembro de 1900 já ofertava ao público instalações com iluminação elétrica. 
Afinal, apenas em 1901 seria instalada a primeira usina termoelétrica propriamente dita, num terreno situado na Avenida Capanema perto da garagem ferroviária, também na Capital, onde hoje está a Estação Rodoferroviária. Esta usina operava dois conjuntos geradores de 200 HP cada um, tendo sido ampliada três anos mais tarde com a incorporação de outro gerador de igual potência. Enquanto isso, o contrato de concessão para a exploração e fornecimento de energia elétrica era sucessivamente transferido. Em 1904 passou para a Empresa de Eletricidade de Curitiba (Hauer Junior & Companhia), e em 1910 para a The Brazilian Railways Limited. 



A lentidão com que tais inovações chegavam à população, pode ser compreendida quando a COPEL informa que somente depois de decorridos dez anos do advento da eletricidade em Curitiba é que uma segunda cidade no Estado (Paranaguá) passou a contar com tal benefício: em 1902 a família Blitzkow colocava em operação um sistema de geração com dois grupos a vapor de 65 kVA. Dois anos mais tarde foi a vez de Ponta Grossa ter eletricidade. União da Vitória foi a cidade seguinte, graças a um acordo firmado entre a prefeitura local e o comerciante Grollmann. Em 15 de junho de 1916, o acervo local é adquirido pela Empresa de Eletricidade Alexandre Schlemm, inclusive o locomóvel de 100 HP movido a lenha. 

Assim, quando a ÓPERA SIDÉRIA estreiou no Teatro Guayra, em 1912, tal obra significava um momento revolucionário da história de Curitiba/PR, firmando-se como uma cidade que de fato vivenciava o início de um novo século... e até, poder-se-ia vislumbrar, de uma nova realidade para seus habitantes. Esteticamente, a ópera de AUGUSTO STRESSER era uma obra nova, nacionalista, e de certa forma, artisticamente revolucionária. E foi levada aos palcos em um teatro que, por si só, significava o advento dos novos tempos, inteiramente iluminado com esta nova tecnologia, antecipando o que, ao final, modificaria a forma de viver de todo o mundo moderno.

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